Manuel Maria Carrilho escreveu um livro para falar "verdade" sobre aquilo que aconteceu nas últimas eleições autarquicas em que defrontou Carmona Rodrigues na corrida à Câmara Municipal de Lisboa.
Tudo aquilo que vou escrever deriva do que ouvi na comunicação social sobre o tema e da entrevista que Carrilho deu esta noite a Judite de Sousa na RTP1. Que fique claro que não li o livro.
A intenção de Carrilho é a de "criar o debate sobre a forma como os jornalistas fazem a cobertura noticiosa dos actos eleitorais". Neste aspecto acho que o socialista tem razão: a forma como se faz a cobertura dos actos eleitorais é algo interessante para ser estudado. Mais, esse estudo é muito útil aos políticos, já que lhes permite ter elementos importantes sobre a forma de moldar a sua estratégia comunicacional e ao público já que nos permitirá a todos entender melhor o produto informativo que recebemos.
Por aquilo que pude ouvir parece-me que o político/filósofo Carrilho não dá um grande contributo para que o debate se faça com a serenidade que merece. A forma como se procura vitimizar, querendo colocar todo o ónus da responsabilidade na sua derrota eleitoral na suposta deturpação orquestrada pela comunicação social não é séria. Parece-me que o autor do livro ganharia muito mais se apontasse os aspectos em que considera ter sido mal tratado pela comunicação social, mas deveria acompanhar esse raciocínio num "pacote" que também abordasse os seus próprios erros. Ou seja, era muito mais interessante e sério que Carrilho dissesse algo do género:
- Eu cometi um erro ao projectar um vídeo da minha mulher e do meu filho numa cerimónia de campanha, mas esse erro foi explorado de forma incorrecta pelo senhor X.
- Eu sei que fui incorrecto com o meu adversário à saída do debate na SIC ao recusar cumprimentá-lo, mas entendo que esse episódio foi explorado de forma incorrecta.
Acredito que houvesse alguns sectores da comunicação social que não gostassem muito de Manuel Maria Carrilho. Mas não será que isso acontece, não só com ele, mas com qualquer político? Não será isso um dado da p´rópria actividade política com o qual todos tem de saber viver? A verdade porém é que o candidato não soube perceber os sinais desse facto e proteger-se de erros básicos, colocando-se desta forma a jeito para a exploração dos seus próprios erros.
Por isso mesmo considero que Manuel Maria Carrilho cometeu com a publicação deste livro mais um erro, pois mostrou aquilo que já todos tínhamos visto: trata-se de um político com uma arrogância intelectual evidente e que lida muito mal com a crítica. Pior do que isso, provou-nos que não sabe aprender com aquilo que lhe aconteceu.
Depois desta reflexão vou contar-vos um segredo: Sabem mesmo qual foi a verdadeira razão pela qual Carmona Rodrigues ganhou a Câmara Municipal de Lisboa? Pois então eu conto-vos. É que Carmona Rodrigues é um homem de muito bom gosto e soube, em devido tempo, tornar-se proprietário de uma bela Lambretta (penso que uma SX 200). Ora, está na cara que um homem desses nunca perderia uma eleição!
sexta-feira, maio 12, 2006
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2 comentários:
Parece que uma Lambretta faz mesmo toda a diferença...até na política.
Os políticos deste país podiam optar por uma Lambretta quando chegassem a cargos de chefia. Dava-lhes muito mais "estilo" e sempre é mais barata que um carro topo de gama... ;-)
Foi a Cristina que o disse ;-)
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