Freitas do Amaral parece que está cansado de ser Ministro dos Negócios Estrangeiros. É normal que isso possa acontecer, pois a função em causa é profundamente exigente, seja do ponto de vista físico, já que obriga a constantes deslocações pelo mundo, seja do ponto de vista mental, pois todos sabem o quanto é desgastante a necessidade de estabelecer equilibrios diplomáticos entre interesses muitas vezes opostos.
Num acesso de sinceridade, Freitas do Amaral confessou-o ao Expresso, jornal que entendeu transformar essa normal declaração numa manchete de primeira página. Ora, o nosso MNE, quando viu a notícia na primeira página, decidiu mudar de ideias e vir desmentir aquilo que havia dito ao jornalista poucos dias antes.
Este episódio mostra até que ponto a imprensa tem poder e até que ponto pode ter efeitos que, mesmo um político experimentado, como é o caso de Freitas do Amaral, não consegue prever à priori. Não sei se é exactamente isso que está a acontecer, mas partamos do príncipio que assim é. Desta forma, a expressão de Freitas do Amaral, transcrita a seco na primeira página do mais influente jornal português, transforma-se numa pré-sentença de morte para o Ministro dos Negócios Estrangeiros. É que, de hoje em diante, sempre que houver um problema com a nossa diplomacia - e Freitas do Amaral tem-se revelado exímio a criar problemas - não faltará quem venha a terreiro dizer:
- Pois é, como é que as coisas poderiam correr bem se temos um Ministro que está cansado da função?
sábado, maio 06, 2006
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