O problema da avaliação dos professores voltou à ordem do dia. Segundo consta, o Governo prepara-se para avançar para um processo de avaliação do desempenho dos docentes que incluirá, como um dos critérios, a avaliação que deles fazem os pais dos alunos.
Antes de avançar com as minhas opiniões sobre o assunto, gostava de realçar que, enquanto fui aluno, sempre frequentei (sem a mínima queixa, diga-se) escolas públicas, pelo que aquilo que eu disser nada tem que ver com preconceitos publico/privado.
Em primeiro lugar, considero positivo que se faça avaliação dos professores. Mais, não só é positivo, como é fundamental.
Em segundo lugar, penso que é importante não desfocar as coisas. Os professores do ensino público são funcionários de alguém, do Governo, através do Ministério da Educação. Ora, eu estou habituado a que qualquer entidade faça, ela própria, a avaliação dos seus colaboradores. Parece-me normal que queira saber se os seus activos humanos estão a atingir os objectivos, podendo, em função disso, tomar as medidas que entenda necessárias.
Em terceiro lugar, não consigo perceber o porquê de se colocar o ênfase na avaliação que os pais fazem do trabalho dos professores. Será que os pais tem conhecimentos e meios para poder avaliar se um professor trabalha bem? É óbvio que os pais tem alguns meios para isso, mas não me parece que sejam quem melhor preparado está para esse efeito.
Em quarto lugar, parece-me que poderá mesmo haver um conflito de interesses entre os pais serem avaliadores daqueles que, em última análise, avaliam os seus filhos.
Posto isto, parece-me claro que esta medida mais não é do que a assunção de que o Ministério da Educação não se sente capaz de avaliar os seus docentes. Ora, na falta de capacidade, decide passar a bola para os pais. Parece-me que esta medida não ajuda nada a melhorar a qualidade do ensino, nem aumenta a confiança dos portugueses nas escolas públicas.
Já que estamos numa fase de ideias, aqui fica uma:
- Que tal incluir na avaliação dos professores os resultados obtidos pelos seus alunos? A formula era simples, bastando submeter todos os alunos a exames nacionais idênticos e aferir o desempenho dos professores em função dos resultados conseguidos pelos seus alunos.
Será esta uma formula perfeita? Aceito que possa não ser, mas acredito que devidamente poderada pelos aspectos extrínsecos à prórpia actividade lectiva, talvez fosse o mais transparente de todos e o que melhor incentivasse a melhoria da qualidade global.