sexta-feira, junho 16, 2006

Assembleia Municipal - 2

Na discussão que se estabeleceu na Assembleia Municipal de Vila do Conde a propósito da Carta Educativa, assunto já aqui abordado, assistimos à intervenção de um membro da bancada do PS que merece uma reflexão.
Perante algumas reticências apresentadas pela bancada do PSD quanto ao documento e mesmo quanto à política de educação do município, o Deputado em causa saltou da bancada para apelidar os membros da oposição de "inimigos de Vila do Conde".
Para ele, quando a oposição diz que há problemas com o sector da educação em Vila do Conde está a atacar o concelho. Quanto a oposição critica a falta de bandeiras azuis nas nossas praias, esta está a prejudicar Vila do Conde, quase como se estivesse a apelar a que os turistas não nos visitem. Este argumento, de teor maniqueista, é velho. Trata-se de uma linha retórica que assume de forma perfeitamente acrítica que há dois lados da "barricada". Um, onde estão os bons, onde tudo é perfeito e merecedor de encómios. No outro estão os maus, sendo que desse lado tudo é merecedor de crítica e censura.
Falando assim, o Deputado não se deu conta de ter incorrido no mais reles de todos os erros em que um político pode cair. É que o Deputado optou por fugir à essência das questões para atacar a personalidade ou as motivações das pessoas que falaram. Ou seja, o Deputado em causa nada disse sobre as críticas que eram apontadas pelos membros da oposição, seja quanto a educação ou bandeiras azuis. Para ele, bastou dizer que os Deputados que punham em causa as políticas municipais eram "inimigos de Vila do Conde". Ou seja, como eles estão do lado dos maus, nem sequer interessa o que dizem.
É evidente que explicar que o facto de a maior parte das escolas não terem água canalizada e saneamento é mais difícil do que dizer simplesmente que quem fala disso é "inimigo de Vila do Conde". É lógico que explicar porque razão há, em Vila do Conde, níveis de insucesso escolar mais elevados do que nos restantes concelhos da área metropolitana do Porto é muito mais difícil do que rotular quem fala disso de "inimigo de Vila do Conde".
O nível que a política deve ter merece que este tipo de situações sejam devidamente analisadas. Eu tenho a minha opinião. É bom que cada um pense sobre isto e formule a sua.

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